Era o início do reinado de D. Manoel I, entre 9 de março e 22 de Abril de 1500, quando, apoiados na letra do Tratado de Tordesilhas, cerca de mil e quinhentos portugueses atravessaram o Atlântico, embarcados em 9 naus, três caravelas e uma pequena nave de mantimentos. Era a Segunda armada da Índia, a maior que alguma vez saíra de Portugal a caminho do mundo. Havia zarpado do Tejo por entre exclamações e lágrimas com 13 navios, mas a 23 de março, nas águas calmas, mas enevoadas de Cabo Verde uma das naus desapareceu sem deixar rastro.
Em 22 de abril de 1500, depois de 42 dias de viagens, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava terra – mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Segundo o testemunho do escrivão Pero Vaz de Caminha, naquela tarde de 22 de Abril “os nossos toparam um grande monte, mui alto e redondo ao qual monte alto o capitão pôs o nome Monte Pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz.”
Pedro Álvares Cabral, o comandante, mandou fundear a armada a cerca de 19 milhas de terra, um pouco a norte do parque de Monte Pascoal, entre a pontas de Itaquena e Itapiroca, em frente à Barra do Rio dos Frades.No dia seguinte, 23 de abril, iniciaram-se as sondagens do leito marinho e alguns navios ancoraram em frente à grandiosa Mata Atlântica. Muito provavelmente o capitão Nicolau Coelho terá sido o primeiro português a pôr pé no novo continente e a se comunicar com um pequeno grupo de índios tupiniquins que apareceu na praia.
Nos nove dias que se seguiram, nas enseadas generosas da Bahia, os 12 navios da maior armada já enviada às Índias pela rota descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra e seus habitantes. O primeiro contato, amistoso com os demais deu-se já na quinta-feira, 23 de abril. O capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi à terra, em um batel, e deparou com 18 homens “pardos, nus, com arcos e setas nas mãos”. Coelho deu-lhes um gorro vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu um cocar de plumas e um colar de contas brancas.
O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava, naquele instante, no curso da História. Foi justamente no município de Cabrália, na Coroa Vermelha, que Frei Henrique de Coimbra celebrou a primeira missa, que continua a ser orgulhosamente relembrada por brancos e índios em cada ano que passa.